03 de Outubro - Pós aula

FIQUE LONGE DO MEU IRMÃO, OKAY?

Okay, toda essa situação era estranha. E olha que pra mim, Roxanne Voronova, a estranha das estranhas, afirmar isso, significa que a situação está estranha pra caralho.
Eu queria realmente entender porque Luke achava que James era meu namorado, então soltei o verbo e da minha maneira nada delicada e pedi uma explicação.
De início ele soltou uma exclamação confusa, e sua expressão de confusa, mudou pra raiva e segundos depois ele estava gargalhando como um maníaco.
Ele iniciou um xingamento que foi cortado por sua gargalhada, e assim que conseguiu o controle explicou sobre ter nos visto no Mardi Gras do ano passado, e que quando ia me chamar pra sair, James falou que eu era a garota dele.
- Entendi…
Falei sem conseguir pensar em mais nada pra dizer. Eu queria ficar puta e surpresa com o que James fez, mas eu sinceramente sei porque ele faz esse tipo de coisa, e entendo seu constante instinto de me proteger.
Infelizmente Luke não parece ter essa mesma compreensão desde que suas próximas palavras  foi uma ameaça para a outra parte de mim. Meu lupus rosnou dentro de mim, desde que ele entendia que eu deveria proteger James, mesmo gostando muito do Luke, e eu tive que respirar fundo para não perder o controle.
- Espera aí cara. Fica frio. - Parei de tocar e estiquei minha mão para dar um tapa no braço dele. - Você não vai bater no meu irmão, okay? Foi um mal entendido… bom talvez não… mas eu juro que se eu explicar porque ele é tão protetor, você vai entender.
Esperei que ele recuperasse o controle de si mesmo, antes que eu com as mãos trêmulas, voltasse ao Johnny, e começasse a dedilhar o violão.
Respirei fundo e comecei a dedilhar a música “Brother” do Needtobreathe, calmamente no violão.
- James disse que sou sua garota, porque ele também é meu garoto. - Desviei o olhar, porque não queria que ele visse o quanto aquilo me feria, quando compartilhasse minhas lembranças. - Eu tinha só cinco anos quando meu meio irmão, filho do meu pai me socou pela primeira vez. Foi quando conheci James, e ele me consolou. Ele também estava lá quando meu irmão quebrou meu braço quando eu tinha dez. Toda vez que Ivo me batia, James também levava uma surra por tentar me proteger. Eu e James nunca contamos para ninguém, e as surras pararam quando James ficou mais forte que Ivo, mas então ele veio para o instituto e não estava sempre lá para me proteger.
Decidi encurtar a história, porque se eu fosse contar sobre cada vez que apanhamos do maniaco, passaríamos três dias aqui. Continuei dedilhando o violão só para ter algo para fazer, e olhei para a queda d’agua, me perdendo nas memórias dolorosas. Eu costumava ficar com raiva de Ivo, mas hoje eu só sinto pena, porque ele é uma pessoa doente.
- James sempre foi muito protetor, e agora só vai piorar, desde que ele está consumido pela culpa de ter me transformado. Ele não entende que salvou minha vida, e que eu vou sempre agradecer e dever a ele a minha vida. Eu o amava como meu irmão mesmo que não tendo o mesmo sangue, e o amo ainda mais por ter parte dele dentro de mim.
Afastei as lembranças ruins e me concentrei na ligação que sempre senti com James. Sorri com carinho quando memórias felizes substituíram as ruins. Tomei coragem e olhei de volta para Luke, mas também parei de tocar e coloquei minha mão no rosto dele, acariciando sua bochecha.
- Não fique bravo com ele, garanto que você estivesse em seu lugar faria o mesmo não faria? - Tirei minha mão do seu rosto. - E no fim, estamos aqui agora, não é isso que importa?

MAIS NADA A ESCLARECER.

Depois que terminei de contar toda a minha triste história, confesso que me senti um tanto crua, porque muitas  lembranças dolorosas encheram minha mente, e suei frio, pensando no pesadelo que me impedia de dormir todas as noites, mas logo dispensei o sentimento e tentei me focar no presente.
Pude respirar aliviada, quando não vi nenhuma pena nos olhos de Luke. Ele tinha o mesmo olhar que James carregava. Ódio, puro ódio, mas, embora ele estivesse com esse olhar, suas palavras foram gentis, quando me disse que sentia muito e entendia. O ódio foi substituído por humor quando ele falou que não quebraria mais a cara de James.
Não pude resistir e soltei uma gargalhada.
- Bom obrigada, nobre senhor isso é um alivio. - Coloquei minha mão no peito em um gesto dramático - Ainda bem que não vou ter que te matar por machucar minha família.
-  Então já que você não é a namorada dele... O que acha de um encontro comigo? Um oficial, com cinema, jantar... - Mordi meus lábios em antecipação, porque era justamente o que eu tinha em mente, mas antes que eu pudesse responder ele continuou:  - Ou será que podemos pular direto pro beijo do final?
Segurei meu violão mais apertado no meu peito, e me inclinei em direção a ele e seus lábios.
Beijar Luke, era tudo o que eu queria desde que o vi em alguns festivais passados, e realmente era uma chance que eu não queria desperdiçar... Mas, ele ia ter que fazer melhor do que soltar algumas palavras bonitinhas, então quando meus lábios estavam a menos de dois centímetros do dele, me afastei repentinamente, e dei meu melhor sorriso de gato que comeu o canário.
- Boa tentativa bad boy, mas não antes do fim do nosso primeiro encontro... - Comecei a introdução de "Crazy on you" da banda Heart, porque é meu solo favorito de violão então eu poderia tocar de olhos fechados - Agora deixa a Roxie mostrar como faz.